Liberdade ameaçada
Uma imprensa livre é o sinal de um povo livre.
Toda forma de censura, direta ou indireta, é inaceitável. Toda lei ou prática limitando a liberdade dos órgãos de Imprensa na recolha e na difusão da informação deve, portanto, ser abolida. As autoridades governamentais, nacionais ou locais, não devem intervir no conteúdo dos jornais, escritos ou audiovisuais, nem restringir o acesso às fontes de informação.
Esse texto é parte integrante de uma resolução aprovada em Londres, em 1987.
Vemos agora, principalmente com a exposição constante do horror da guerra nos meios de comunicação, que tais preceitos ainda não são consentidos pelos governantes tiranos, seja em que parte do mundo for. Isto é um total desrespeito aos princípios básicos da liberdade de expressão e do pensamento.
Na semana que passou, vimos estarrecidos o ataque de um tanque americano a um hotel na cidade de Bagdá, ocupado por jornalistas de todo mundo. Total arbítrio e ato ofensivo à liberdade de informação praticado pelo imperialismo tirano. Não se pode divulgar nada além daquilo que seja conveniente ao verdadeiro ditador, que usurpa a vida humana em prol do interesse imediato e do vislumbre de dominação futura.
Fatos como esse só são expostos, justamente, pela imprensa que tentam impedir o desenvolvimento de preceitos éticos, legais e morais, do pleno direito dos cidadãos em receber informações.
Mas, e quando tais atitudes se fazem próximas de nossa convivência humana e profissional, porque os olhos da sociedade não enxergam com clareza?
É incrível presenciar a tendência da sociedade em acreditar naquilo que está mais distante e que parece improvável de acontecer em seu meio. É uma necessidade premente de não aceitar como normal tudo o que está próximo para não se contrapor, não se expor; e assim deixar a vida passar, sendo conivente com a atrocidade da privação das liberdades individuais e institucionais, em prol da conveniência que garantirá vantagens pessoais.
Em resumo, quando atos imperialistas nos cerceiam, alguns acham melhor aceitá-los como normais e conviver dentro desta hipocrisia instaurada no seio da sociedade.
Em nosso município a situação não é diferente do resto do mundo. A tirania implantada pelo regime oficial de governo com características imperialistas, tenta de todas as formas anular o direito à livre manifestação do pensamento e à liberdade de informar.
Tal fato acontece quando um cidadão, comerciante, tem sobre sua pessoa ameaça de sofrer consequências, pelo simples fato de inserir a publicidade de seu comércio em determinado veículo de comunicação, o qual não se submete aos caprichos do poder dominante.
Dentro do pensamento medíocre da política, e, de certos políticos locais prevalece a ideia simplista de divisão de opiniões da seguinte forma: se não está aliado e a favor de tudo aquilo que é proferido pelo governante de plantão, você é contra. O pensamento expressado pela tirania dentro desta premissa é que você é contra o governo, é contra o governante e contra tudo e todos que o rodeiam.
Como podemos deixar prevalecer essa idéia arcaica de dividir o pensamento com fronteiras, pela ganância e sede de poder?
A imprensa séria, verdadeira, e sem amarras políticas com o governante de plantão, não se curva aos seus caprichos. A imprensa séria deve estar sempre ao lado da verdade, ao lado da justiça e ao lado da defesa dos direitos dos cidadãos da comunidade em que ela atua. Os governantes precisam entender que não são os senhores da verdade e da razão.
A praga da sociedade, que deturpa os valores morais e éticos da cidadania, são aqueles que se curvam diante dos governantes, e que não serão nada além de bajuladores de plantão, sempre prontos a dizer amém a tudo o que seu ‘mestre’ mandar.
Temos que lutar contra a soberbia dos tiranos e sua total falta de sensibilidade aos anseios da comunidade.
A ignorância é latente; e essa postura certamente os levará à ruína moral e política.
João Fernando Santini
Diretor Responsável / Tribuna de Ilhabela
Publicado: Ilhabela-SP
01 a 15 de abril de 2003
Ano IV - nº 43
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