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Política e polícia

A política brasileira padece do famigerado e arcaico mal do regime imperialista, do assistencialismo do povo, pelo poder do voto dado aos políticos.

Inversão de valores que nos remete ao verdadeiro poder político existente entre a humanidade. O poder é do povo, é do voto, da decisão, da mobilização e disposição de unir ideais em prol de uma comunidade verdadeiramente justa e harmoniosa.

O poder advém da vontade de querer realizar obras em benefício do povo, devolvendo a eles seu digno dinheiro repassado ao administrador público através dos impostos.

O poder e astúcia que a grande maioria dos políticos tem é o poder de enganar o povo. Enganar, na verdadeira acepção da palavra.

Muitas vezes não por má fé ou vontade própria: - falta competência até na originalidade - mas sim, através da herança de comportamento herdada de ancestrais próximos ou históricos.

É preciso ao povo, e a comunidade agrupada, trabalhar para que a consciência coletiva se sobreponha e realize eficazmente as mudanças. Essas mudanças têm que partir da melhor escolha na hora de exercer o poder na ponta de seus dedos, de colocar para o futuro e para a história, pessoa que não seja incoerente e descompromissada com os interesses populares. É sempre tempo de reflexão.

Sabe-se que o vício do poder corrompe os princípios éticos e morais de muitos. É preciso não apenas ter resistência e reserva moral, mas acima de tudo, ter índole ilibada, ter a alma desprovida de ranços partidários e de vingança.

Para se sobrepor às tentações do poder, é preciso ter muito mais que reserva moral, pois reserva é algo que fica à espera - usa-se, ou não. É preciso haver policiamento constante em nossos atos e ver para que rumo estamos indo. Podemos sempre mudar a direção de nossa história, de nosso rumo, é preciso um indicativo que nos oriente em direção ao conhecimento.

Vivemos em uma comunidade arcaica, onde muitas vezes, o menos, vale muito mais. Onde aquele que nada vale e não tem ao menos reserva moral, é o mais importante.

A boa índole, princípio visto como ultrapassado pelos políticos fisiológicos, parece estar fadada ao fracasso.

Precisamos nos policiar mais, precisamos entender que este fracasso é efêmero, passará tão rapidamente que veremos que nossa força de decidir vale muito mais que qualquer tentativa política de nos calar.

Uma comunidade somente consegue defender sua vida, que envolve todas as pessoas e o espaço onde vive, se lançando ao objetivo. Percalços existem, de todas as formas, mas somente seguiremos em frente se retirarmos as pedras do caminho. Não importa quão grandes sejam. É preciso coragem, é preciso empenho e força de vontade e poderemos mudar nossas vidas, nossa comunidade e nossa cidade. A vivência nos mostra a verdadeira face daqueles que tentam subestimar o poder do povo.

Uma comunidade é composta por fatores humanos, locais, históricos, fisiológicos e pela interferência externa, que visa nas pessoas somente sua intenção de voto, que visualiza no ser humano um número a mais no resultado da apuração.

Ë preciso apagar esse conceito, é preciso prevalecer o correto, o digno e a competência de trabalhar em prol do coletivo, criando uma sociedade justa e igualitária.

Passamos por um período de esclarecimentos. Quanto mais mentiras expostas, mais a verdade se mostrará. Assim deve ser a lei da vida e dos bons princípios e propósitos. Não se pode acreditar em tudo que se ouve, muito menos naquilo que não enxergamos com clareza. Fé e boa fé são atributos dignos, porém ineficazes quando lidamos com a astúcia política.

É chegado o momento em que as enganações e mentiras se mostram de forma clara, onde o sorriso fácil e cínico precisa ser desmascarado, onde a responsabilidade sobre as improbidades precisam ser apuradas e os culpados, condenados.

A dinâmica da política nacional é perversa e a ética sucumbe , tornando o policiamento através do exercício da cidadania imprescindível, se quisermos realmente construir uma sociedade verdadeira e honesta.

É preciso a cada cidadão acordar e sair da inércia moral, deixando de acreditar que tudo é normal dentro do mundo político.

É preciso deixar de doar seu voto em troca de promessas que nunca são cumpridas. A história é prova desta verdade.

Quantos ainda morrerão de fome e padecerão na miséria enquanto poucos usufruem das benesses do poder, enriquecendo ilicitamente ?

A resposta está em nossa consciência, em nossa história, em nossa decisão.

João Fernando Santini

Diretor Responsável / Tribuna de Ilhabela


Publicado: Ilhabela-SP

01 a 15 de outubro de 2003

Ano IV - nº 48

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